Bipolaridade e letargia

O que era pra ser apenas um ataque de besteira motivado pela incessante corneta de parte amarga da torcida teve seu gran finale hoje. Jonas acertou-se com o Valência da Espanha e, por pouco mais de R$ 2M, foi-se para "fazer a Europa". Jonas não era uninimidade, nem pra este humilde blogueiro. Já disse reiteradas vezes que Jonas é um jogador médio. Esforçado e com estrela sim, mas médio. Não era o tipo de jogador que enchia os olhos da torcida. Atletas com muito menos "história" no Grêmio do que ele obtinham para si os holofotes enquanto o patinho feio ficava ali, escanteado. Agora, tal patinho feio cresceu e "virou cisne" - pero, no mucho - e foi resolver sua vida no país que outrora o chamara de "o pior atacante do Mundo".

Se pararem para pensar, esta é a terceira vez em questão de dois anos que isto acontece. Primeiro, tivemos o caso do meia Roger (aquele da Deborah Secco). Devido a um acordo mal feito com o Grêmio, acertou-se com o mundo árabe e foi montar seu harém. Todos foram pegos de surpresa e, ainda hoje, existe um misto de revolta e frustração com a "perda" de um dos melhores meia esquerdas que o Grêmio teve em sua história recente. O outro foi Maxi Lopez, La Barbie. Atacante que puxou para si a responsabilidade de ostentar a mítica camisa nº 16 e, em pouco tempo de Grêmio, encantou a todos e tornou-se ídolo. Foi esconder-se na Sicília, no frágil Catania. Não se sabe na real se Wanda Nara e seu par de seios cinematográficos fora determinante para a partida do gringo. Fato é que, por causa de outro contrato mal feito, Maxi Lopez foi levado à Itália da mesma forma que folhas secas são levadas pelo vento. Outro golpe que a torcida não engoliu direito e até hoje mistura indignação com dor de corno.

Jonas nunca convenceu a torcida. Porém, fez o que pôde por ela. E a mesma torcida que vibrou com seus gols era aquela que por vezes o vaiava, numa mostra de comportamento digno de quem tem transtorno bipolar. É claro que futebol é paixão, é momento mas a torcida do Grêmio em boa parte tem oscilado entre extremos assim, no más, de maneira desmedida e beirando a bestialidade.

Pior que a bipolaridade da torcida é a letargia das gestões que comandam o Grêmio nos últimos 10 anos. Transformaram nosso amado clube em uma repartição pública onde se constroem viadutos pela metade pois, quando troca o "governo", largam a obra iniciada na gestão anterior e partem para uma ideia radicalmente nova. Nada se aproveita, nada converge. Só o que converge é o pensamento individualista dos que à frente do clube estão. E esta fogueira de vaidades, onde cada um quer ser mais que o outro, culmina na execução de maus contratos e má gestão do clube. Afinal de contas, a administração é de apenas 2 anos, não há garantia de que ~~meus amiguinhos do peito~~ "meu grupo político" continue então não tem problema se as coisas explodirem. Some-se a isso a preguiça em tentar fazer o novo, o ousado, o melhor para o clube. Mesmo assim, é totalmente irresponsável e mal intencionado apontar o dedo para a gestão A, B ou C. Neste bang-bang não há mocinhos de nenhum dos lados. Se quem esteve no passado errou, que aqueles que estão no presente tratem de consertar por méritos próprios e não usem a técnica do cudum para justificar seus deméritos.

Tudo o que não se pretendia era ter um início de ano tão assustador e incerto como este. Mas a nossa já inquieta e impaciente torcida não tem feito muito esforço para se preocupar em alentar e nossa Direção está comendo mosca quando já tinha que ter uma base reforçada de maneira a nos levar ao topo da América pela terceira vez.

Odone e Vicente, façam o impossível pelo nosso clube! Reforcem o time! Ousem! Usem a mobilização pró dentuço pilantra para montar uma esquadra campeã! E, pelo amor de Deus, não me falem mais em tirar leite de pedra. Isto é pensamento de time pequeno, não do Grêmio.

O tempo está passando e a paciência se esvaindo...